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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O importante, o erro e o sonho.





O que sei não me importa mais. A morte me é companheira e apenas dela posso tirar proveito. Por que cada momento da vida de uma pessoa pode ser decisivo? Pensei que poderia ignorar o desejo e cada sonho meu, que podia simplesmente apagar o exemplo que fui e criar um novo exemplar. Débil esperança de vontade consumada em erros irrecuperáveis. Breves segundos de felicidade insana e longos anos de arrependimento amargo. O amor tende ao ódio e o ódio apenas leva a morte. E minha morte foi premeditada, escolhida e assistida. Não morri fisicamente, apenas decai. Murchei lentamente, enquanto cada sentimento se tornar apenas espelho do desgosto que te tenho e da infelicidade de não te ter.
O que me iludiu já não importa mais. Aqueles olhos são simples ilusões, caminhos sem fim. Aquilo que eu entendo por sonho sempre me conectou a realidade. Assim como o que eu entendo por loucura é a linha tênue que me mantêm sóbrio. Aquelas últimas palavras eram verdades, você me abandonou. Enquanto aquelas primeiras não tiveram valor, você nunca me amou.
Agora, que me é chegado o fim, apenas deixo o adeus e o exemplo. Aquele exemplo feito dos erros que não posso mudar e o adeus composto do pouco amor que me resta. Talvez um abraço também me acompanhe, mas somente aquele que me abrace a alma e não o corpo. Nunca gostei de toques físicos e só os julgo necessário quando a pessoa pode me abraçar a alma e me abarcar o choro real, não o de lágrimas. E, com o fim, início o meu sonho: o de uma terra sem a minha dor, o de uma realidade sem mim. Onde meu nome é mentira e meu sofrer ilusão. Agora, que me é chegado o fim, digo que te amo e reconheço que só sou capaz de tal agora não tenho saída. Mas não se preocupe, não é o fato de morrer que me faz te amar. A morte só me faz falar o que eu passei a vida guardando em segredo.