Páginas

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Fernando Pessoa, Álvaro Campos e as cartas de amor.



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).

Álvaro de Campos



Um blog ridículo porque é única e exclusivamente uma carta de amor, para mim mesmo, para todo o mundo. Para quem conheço, para quem vou conhecer e para quem nunca verei. Para quem amo e para quem odeio, uma única e ridícula carta de amor. ― Rogerio Murdoc.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A arma, o sonho e a paixão.



Eu tinha uma arma há poucos segundos, agora tudo que tenho é um sonho. E esta noite não poderei dormir seguro, suas lembranças me assolaram até o sol nascer. Isso é o resultado de quem troca sua arma por amor, de quem ama indefeso. Eu só posso sonhar... E a vida? Esta noite nem ela me protege, pois perdido em sonhos eu apenas tento entender seu olhar. Talvez nunca tenha dito, mas não existe vida neles, são imortais.
E eu não tenho tempo, não o tanto que eu tinha antes de você. Tudo que eu possuo é este maldito sonho, que me devora aos poucos; enquanto sorrio como um bobo. E o que dizer? Minha arma se foi. É tão bom quando podemos ser agressivos, proteger nosso coração desse mundo sujo que nos cerca, é bom possuir um revolver. E a culpa é sua, que o tirou de minhas mãos e colocou meu coração no lugar. Não importa o quanto eu grite, você nunca me obedece. As pessoas me olham confusas. Você não sabe o quanto é difícil andar com o coração na mão, respirando cada segundo como uma nova chance de te sentir.
O amor é tão triste, uma procissão solitária. E entre o tempo do sentir e morrer de sentir existe um intervalo tão grande que nem consigo respirar. Assim como meu coração, sempre em mãos, bate cada vez mais fraco sentindo que o lugar dele é em seu peito, eu respiro cada vez menos sentindo que meu lugar é em sua alma.

domingo, 21 de agosto de 2011

O vazio, a borboleta e a humanidade.





Tenho dentro de mim um vazio do tamanho de minha consciência, um medo do tamanho de minhas verdades. Emoções fúteis e de pouco proveito, um desejo de morte baseado em sonhos que nunca tive. E rastejo sempre em busca de algo que nunca vou encontrar... Um dia fui borboleta, hoje sou lagarta.
E aquele sorriso egoísta, daquela pobre senhora, balançando a minha frente. Ela continuou a sorrir, enquanto esvaziava meu cartucho de magoas em sua mente. Me olhou enquanto me deliciava com seus olhos, e engolia parte por parte de sua consciência. Ela não errou em acreditar em mim, eu errei em desfazer de suas crenças. Minh’alma inquieta é que sempre erra. Solvida em desejos infundados de momentos tolos.
E aquele olhar claro, da pobre criança que me encarou. Ela era inocente, enquanto eu estuprava seus conceitos e lhe oferecia novas convicções. Ela não entendia minha perversão e eu, vil, sempre vil, não ligava para sua infantilidade. Bebi seu sangue como vinho, mergulhando sua carne como pão. A única coisa que me assustou foi a inocência mantida no antro de ilusões de meu ser.
Sou sempre quem erra, nunca acertei na vida. Morri antes de nascer, por crer na simples promessa de viver depois de morrer.

A campainha tocou pela última vez naquela noite, meu convidado de honra resolveu juntar-se a mim. O meu sorriso verdadeiro, minha alegria falsa, foi o que mostrei. A face de minhas ideias já cravada em seu peito e a dor da solidão já encrustada em seu ser.
— Você sempre viveu assim?
Ele me perguntou, enquanto o sangue de sua ironia manchava meu rosto.
— Ame seu semelhante e será feliz.
Aconselhou-me, no momento que eu fazia de seus ouvidos caminho para a faca afiada de minhas lembranças. Que tolice recitar aquilo para aquele que mais amou no mundo. Para aquele que morre todo dia pelos pecados que nunca cometeu. Eu amo meu semelhante, doutor, mas onde posso encontrar alguém igual a mim?
Minhas ilusões ocupam grande parte de mim, alimentando-se do que sou e devorando os sonhos de meus companheiros. Sou humano, só sei trair. Nunca irei acertar. Minha única certeza é que não tenho certeza de nada.
No final, ele não saiu da minha casa. Morreu sobre as falsas verdades que devia propagar. Podre ele e seu deus... Podre eu e minha humanidade.

Em minhas mãos sangue de tantas crenças inocentes e em meus olhos lágrimas por tantos deuses mortos. Despi-me perante tamanha provação e me entreguei para todos aqueles desejos. Eu sou um anjo de luz que caiu depois de tropeçar em seus próprios passos, vitima de meu egoísmo.
Encontrei por fim um cachorro, com tanta humanidade em seus olhos que me fez chorar de verdade. Tão belo animal, mais humano que eu e mais humano que qualquer outro. Ele não acreditava em mim também, um cachorro que já se encontrou e é apenas uma lagarta que um dia será borboleta. Enquanto eu borboleta era, e sem asas sou menos que verme.

Morri feliz, sabia? Pois descobri que em um animal vive um humano melhor que o homem.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Um conto, uma morte e Tristan




eles não acreditaram em mim eu falei a verdade mas ninguém precisava acreditar em mim geralmente eu mentia mesmo só sei que eu falei a verdade eu não precisava daquilo eu não devia ter feito aquilo não acreditaram eu amava aquela menina e eu disse que podia ter salvo ela mas ela era puta e ninguém acreditou em mim quando disse que tinha matado para salvar que não devia ser preso e que tudo era mentira mentira dela e mentira de tristan ele sim merecia ser punido aquele filho duma puta ta lá livre e eu aqui levando porrada e esporradas por ter matado quem ele cuspiu quem é o aborto agora o aborto não sou eu não senhores o aborto é ele que cospe em quem eu mato e que me acusa sou melhor que ele e melhor que crianças envenenadas por sua mão melhor que tudo isso mas eles não acreditam em mim eu disse que meu nome era tristan e nada eu disse que a amava e nada eu disse que aquela morte era a minha primeira pois a ultima ainda estava distante e o que ganhei foi porrada mais porrada e mais porrada pé na cara e no pé e no saco seu filhote de anarquia seu comunista ateu ainda mato esse tristan só porque não acreditam que eu sou ele só porque ele matou dezenas de crianças que tinham apenas um chocolate nas mãos e mil sonhos em mente filho da puta nazista de merda e eu aqui apanhando e sendo xingado por ter matado uma puta e ele aqui rindo de mim por ter matado tanta gente mas tudo bem porque ele matou judeus eu matei ariana e ariana era linda a negra mais bela que já conheci e mais puta também saudades de ariana meu nome é tristan fiel cavaleiro de arthur e do mal fiel matador de aluguel e eterno amante de ariana de isolda a negra mais bonita do mundo tão bonita que seu sangue me purificou de todas as mortes daquelas crianças então doutor pode me bater a vontade porque tristan ainda não morreu eu sou ele e eu matei para curar. SALVE ARIANA.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

As desculpas, a paixão e o louco.

Me desculpe... Por não ter te tratado direito, por aquele adeus que nunca dei. Por ter sempre menos palavras, por nunca ter dançado contigo. Me desculpa... Por não te abraçar, por não ficar até o final. Por não ter dito que você é a menina mais linda do mundo, mesmo tendo essa certeza em meu coração. Por ter te desprezado, quando o que mais queria era sua atenção. Por não saber a coisa certa a dizer ou por ser frio demais. Entender de poemas, mas não entender de seu coração. Desculpe-me pelo péssimo português desse texto, por ter saído escondido quando queria te dar um abraço de nunca mais.
Me perdoa por nunca te olhar nos olhos, não dizer que te amo. Não estar ao seu lado no momento decisivo, por ter ficado em silêncio quando você precisava conversar. Por não conseguir ser seu amigo, por não saber para onde te levar. Por fingir esquecer teu nome, quando lembro até do seu jeito de sorrir. Por ser vazio, por ser tedioso, por ser mesquinho, egoísta, ciumento e calado. Por ser fraco, tímido, medonho, fugaz... Vil. Me perdoe por não ser deus, por não saber a melhor piada ou ter o mais bonito sorriso.
Mas eu sou assim mesmo, um estranho apaixonado... Que nunca disse que amou.