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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Deus, vazio e poder.

Eu-deus...

Não sei se toquei o céu ou se o céu me tocou, mas nesse instante sou a pessoa mais completa do mundo. Com todos os meus sorrisos falsos e minhas vagas visões, meus egoísmos e meu ódio. Tão sublimes que quase entendo meus próprios planos. Tenho ideias para aquela velha puta sem destino, para aqueles bêbados que, enquanto loucos, entendem minha filosofia. Tenho o sopro da vida, para reavivar a fome de alguns moribundos. Tenho paixões perdidas, que esborram dor e abrem feridas. Gritos gelados sobre o vazio.
E ainda me lembro do velho astronauta que subiu aos céus em uma carruagem de fogo, ele buscava a mim... Só encontrou o nada e a dor. Eis que a verdade resume-se a busca de deus e o toque no vazio. E se em meus olhos enxergas o infinito, em meu coração só verias o vazio. Sou deus e, em meu nome, te destruo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O mundo, o poeta e a criação.





No inicio era a palavra, e o poeta a escreveu. Do primeiro poema nasceu a luz, e a escuridão nasceu junto. Espalhou o poeta seus caminhos, e assim foi o primeiro dia. No segundo criou-se o sol e a este se presenteou com a dia, criou também a lua; poeta sem lua não existe. Como não havia luz para esta, criou o poeta as estrelas e os olhares, o desejo e o brilho. Estava feito o céu.
Criaram-se então grandes poemas que, com a violência da alma, se tornaram o mar. A mansidão raivosa e a beleza perigosa. Com sonetos costurou o poeta sua terra, deu firmeza a criação e completou o terceiro dia. No quarto dia vieram os cânticos, as bênçãos e as canções. Nasceram as aves e as árvores, uma para cantar e outra para escutar. Dedilhou-se o ar puro e a música deu a vida.
No sexto dia veio a prosa, pomposa como nenhuma outra. Deu vida e nome a grandes e pequenos animais, deu vida e nome a própria vida. As aventuras e os perigos. O poeta então sorriu, havia amado mais que tudo o urro do leão e o ruminar da vaca. Se poeta é isso, criar um mundo e se embelezar com quase nada. Vieram então grandes ideias e com elas se teceu os sonhos... Poemas complicados e rimados deram origem ao homem. Tirou-se uma costela do verso e se fez um poema ainda mais lindo: a mulher. Tratou o poeta de aconselhar: “Comei e bebei de toda a minha criação, pegai e levai aos lábios o fruto do conhecimento. Conheça o bem o mal e só assim serás humano.” Dito isso, amou o poeta sua criação.
No sétimo dia... Morreu o poeta, pois não sabe descansar e imortais são apenas suas poesias.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Instantes, vidas e suspiros.

Tenho eu poucos instantes, nesses poucos instantes muitas vidas. Nessas muitas vidas nenhum amor, e sem nenhum amor não vivo nem um pouco. E sem viver não suspiro e por isso não confio. Afinal, sabe-se bem que não se deve confiar em quem não suspira. Pois com suspiros se costura poemas e sem poemas a vida não tem graça, mesmo que sejam muitas e mesmo que sejam minhas. E eu que tenho poucos instantes, nesses poucos instante muitas lágrimas. Não que eu costume chorar, pois lágrima derramada não machuca, não assusta. O que realmente detém o ser são as lágrimas retidas que, por não esborrarem, não preenchem. As minhas mesmo pesam mais que as luas de meus espelhos, mais que os sóis que conto em minhas camas. E quantos corações já não tive que arrancar, quantos beijos já roubei. Motivos? Nunca tenho. Puro romantismo pagão. Pois tenho poucos momentos e em poucos momentos nunca sei o que fazer.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Fernando Pessoa, Álvaro Campos e as cartas de amor.



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).

Álvaro de Campos



Um blog ridículo porque é única e exclusivamente uma carta de amor, para mim mesmo, para todo o mundo. Para quem conheço, para quem vou conhecer e para quem nunca verei. Para quem amo e para quem odeio, uma única e ridícula carta de amor. ― Rogerio Murdoc.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A arma, o sonho e a paixão.



Eu tinha uma arma há poucos segundos, agora tudo que tenho é um sonho. E esta noite não poderei dormir seguro, suas lembranças me assolaram até o sol nascer. Isso é o resultado de quem troca sua arma por amor, de quem ama indefeso. Eu só posso sonhar... E a vida? Esta noite nem ela me protege, pois perdido em sonhos eu apenas tento entender seu olhar. Talvez nunca tenha dito, mas não existe vida neles, são imortais.
E eu não tenho tempo, não o tanto que eu tinha antes de você. Tudo que eu possuo é este maldito sonho, que me devora aos poucos; enquanto sorrio como um bobo. E o que dizer? Minha arma se foi. É tão bom quando podemos ser agressivos, proteger nosso coração desse mundo sujo que nos cerca, é bom possuir um revolver. E a culpa é sua, que o tirou de minhas mãos e colocou meu coração no lugar. Não importa o quanto eu grite, você nunca me obedece. As pessoas me olham confusas. Você não sabe o quanto é difícil andar com o coração na mão, respirando cada segundo como uma nova chance de te sentir.
O amor é tão triste, uma procissão solitária. E entre o tempo do sentir e morrer de sentir existe um intervalo tão grande que nem consigo respirar. Assim como meu coração, sempre em mãos, bate cada vez mais fraco sentindo que o lugar dele é em seu peito, eu respiro cada vez menos sentindo que meu lugar é em sua alma.

domingo, 21 de agosto de 2011

O vazio, a borboleta e a humanidade.





Tenho dentro de mim um vazio do tamanho de minha consciência, um medo do tamanho de minhas verdades. Emoções fúteis e de pouco proveito, um desejo de morte baseado em sonhos que nunca tive. E rastejo sempre em busca de algo que nunca vou encontrar... Um dia fui borboleta, hoje sou lagarta.
E aquele sorriso egoísta, daquela pobre senhora, balançando a minha frente. Ela continuou a sorrir, enquanto esvaziava meu cartucho de magoas em sua mente. Me olhou enquanto me deliciava com seus olhos, e engolia parte por parte de sua consciência. Ela não errou em acreditar em mim, eu errei em desfazer de suas crenças. Minh’alma inquieta é que sempre erra. Solvida em desejos infundados de momentos tolos.
E aquele olhar claro, da pobre criança que me encarou. Ela era inocente, enquanto eu estuprava seus conceitos e lhe oferecia novas convicções. Ela não entendia minha perversão e eu, vil, sempre vil, não ligava para sua infantilidade. Bebi seu sangue como vinho, mergulhando sua carne como pão. A única coisa que me assustou foi a inocência mantida no antro de ilusões de meu ser.
Sou sempre quem erra, nunca acertei na vida. Morri antes de nascer, por crer na simples promessa de viver depois de morrer.

A campainha tocou pela última vez naquela noite, meu convidado de honra resolveu juntar-se a mim. O meu sorriso verdadeiro, minha alegria falsa, foi o que mostrei. A face de minhas ideias já cravada em seu peito e a dor da solidão já encrustada em seu ser.
— Você sempre viveu assim?
Ele me perguntou, enquanto o sangue de sua ironia manchava meu rosto.
— Ame seu semelhante e será feliz.
Aconselhou-me, no momento que eu fazia de seus ouvidos caminho para a faca afiada de minhas lembranças. Que tolice recitar aquilo para aquele que mais amou no mundo. Para aquele que morre todo dia pelos pecados que nunca cometeu. Eu amo meu semelhante, doutor, mas onde posso encontrar alguém igual a mim?
Minhas ilusões ocupam grande parte de mim, alimentando-se do que sou e devorando os sonhos de meus companheiros. Sou humano, só sei trair. Nunca irei acertar. Minha única certeza é que não tenho certeza de nada.
No final, ele não saiu da minha casa. Morreu sobre as falsas verdades que devia propagar. Podre ele e seu deus... Podre eu e minha humanidade.

Em minhas mãos sangue de tantas crenças inocentes e em meus olhos lágrimas por tantos deuses mortos. Despi-me perante tamanha provação e me entreguei para todos aqueles desejos. Eu sou um anjo de luz que caiu depois de tropeçar em seus próprios passos, vitima de meu egoísmo.
Encontrei por fim um cachorro, com tanta humanidade em seus olhos que me fez chorar de verdade. Tão belo animal, mais humano que eu e mais humano que qualquer outro. Ele não acreditava em mim também, um cachorro que já se encontrou e é apenas uma lagarta que um dia será borboleta. Enquanto eu borboleta era, e sem asas sou menos que verme.

Morri feliz, sabia? Pois descobri que em um animal vive um humano melhor que o homem.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Um conto, uma morte e Tristan




eles não acreditaram em mim eu falei a verdade mas ninguém precisava acreditar em mim geralmente eu mentia mesmo só sei que eu falei a verdade eu não precisava daquilo eu não devia ter feito aquilo não acreditaram eu amava aquela menina e eu disse que podia ter salvo ela mas ela era puta e ninguém acreditou em mim quando disse que tinha matado para salvar que não devia ser preso e que tudo era mentira mentira dela e mentira de tristan ele sim merecia ser punido aquele filho duma puta ta lá livre e eu aqui levando porrada e esporradas por ter matado quem ele cuspiu quem é o aborto agora o aborto não sou eu não senhores o aborto é ele que cospe em quem eu mato e que me acusa sou melhor que ele e melhor que crianças envenenadas por sua mão melhor que tudo isso mas eles não acreditam em mim eu disse que meu nome era tristan e nada eu disse que a amava e nada eu disse que aquela morte era a minha primeira pois a ultima ainda estava distante e o que ganhei foi porrada mais porrada e mais porrada pé na cara e no pé e no saco seu filhote de anarquia seu comunista ateu ainda mato esse tristan só porque não acreditam que eu sou ele só porque ele matou dezenas de crianças que tinham apenas um chocolate nas mãos e mil sonhos em mente filho da puta nazista de merda e eu aqui apanhando e sendo xingado por ter matado uma puta e ele aqui rindo de mim por ter matado tanta gente mas tudo bem porque ele matou judeus eu matei ariana e ariana era linda a negra mais bela que já conheci e mais puta também saudades de ariana meu nome é tristan fiel cavaleiro de arthur e do mal fiel matador de aluguel e eterno amante de ariana de isolda a negra mais bonita do mundo tão bonita que seu sangue me purificou de todas as mortes daquelas crianças então doutor pode me bater a vontade porque tristan ainda não morreu eu sou ele e eu matei para curar. SALVE ARIANA.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

As desculpas, a paixão e o louco.

Me desculpe... Por não ter te tratado direito, por aquele adeus que nunca dei. Por ter sempre menos palavras, por nunca ter dançado contigo. Me desculpa... Por não te abraçar, por não ficar até o final. Por não ter dito que você é a menina mais linda do mundo, mesmo tendo essa certeza em meu coração. Por ter te desprezado, quando o que mais queria era sua atenção. Por não saber a coisa certa a dizer ou por ser frio demais. Entender de poemas, mas não entender de seu coração. Desculpe-me pelo péssimo português desse texto, por ter saído escondido quando queria te dar um abraço de nunca mais.
Me perdoa por nunca te olhar nos olhos, não dizer que te amo. Não estar ao seu lado no momento decisivo, por ter ficado em silêncio quando você precisava conversar. Por não conseguir ser seu amigo, por não saber para onde te levar. Por fingir esquecer teu nome, quando lembro até do seu jeito de sorrir. Por ser vazio, por ser tedioso, por ser mesquinho, egoísta, ciumento e calado. Por ser fraco, tímido, medonho, fugaz... Vil. Me perdoe por não ser deus, por não saber a melhor piada ou ter o mais bonito sorriso.
Mas eu sou assim mesmo, um estranho apaixonado... Que nunca disse que amou.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O tempo, a prisão e o fim.


Tudo está preso ao tempo,
Inclusive o próprio tempo.
Que começa e termina todo dia
Consciente do seu fim.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A rosa, o símbolo e a felicidade.

Minha amada...



Que seja a rosa o símbolo de minha eternidade, pois ela, mesmo morrendo, é imortal. E que em minha alma brotem milhões de pétalas, em cada pétala um novo sorriso e em cada sorriso uma nova visão. Que eu possa existir além de mim, além do que realmente eu sou e mais do que sempre desejei. E a alegria que me imunda não se cale perante o medo, não fuja perante a escuridão e brote como a luz.
Que seja a vida o meu guia, o sofrer o meu castigo e a felicidade o meu destino. Que cada palavra de amor já dita me faça voar, transpassar o tempo e te encontrar antes mesmo de conhecer a mim mesmo. E o choro me seja vago, livre de dor, um choro de alegria e ansiedade. Que eu viva cada dia como vivo nesse momento, apenas sendo eu mesmo, apenas aproveitando o que existe em mim e o que brota por sua causa.
Que a rosa que me arranha, também me ame e faça o meu sangue parecer ínfimo perante sua beleza. Faça minhas palavras faltosas não atrapalharem o meu olhar apaixonado, meus sorrisos bobos não atrapalharem minha decisão. Nasça em mim como uma paixão aterradora e que eu morra mil vezes por ela sem chorar, mas que eu também chore mil vezes sem morrer. A vida seja lucro, a morte não me faça tremer e a existência me seja finitamente infinita.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A paixão, o lógico e o ilógico.



A Bailarina de Vidro,
O Soldado de Chumbo e
O Astronauta de Papel.



Dance minha linda bailarina, deixe que eu te proteja e guie, deixe que eu te cuide e te ame. Não existe beleza mais pura, ou motivo mais certo. Deixe que minha arma abra seus caminhos, que meus beijos dominem seu coração. Dance minha rosa mais bela, meu instinto mais verdadeiro e minha razão de viver. — O Soldado de Chumbo.

Dance minha bela estrela, navegue pelo céu, brinque com a lua. Venha em cada sonho, em cada brisa leve e em cada raio de sol. Deixe-me flutuar no universo dos seus olhos e ser egoísta o suficiente para lhe querer pela eternidade. Viva em cada suspiro meu e me iluda do melhor jeito possível. Dance minha estrela mais brilhante, me fascine e me ame, assim como eu te amo e inspiro. — O Astronauta de Papel.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Um meio, o nada e o que sou. (II)





E o nada brota novamente em meu peito, tomando conta do meu ser. Por um instante sinto que cada pedaço meu voltou a ser o que nada foi. Sonhos perdidos, ilusões falsas. Um dia eu respirei o seu sorriso, hoje nem mesmo sinto o seu toque. Talvez seja porque eu seja fraco para carregar o fardo que aumenta a cada dia, ou porque minhas lágrimas tenham se perdido no infinito que eu devia ocupar, mas eu sinto que a minha importância continua a nada importar ante o seu olhar.
E o nada brota novamente em meu peito, ocupando cada espaço que suas palavras deviam satisfazer. E a minha mente não encara a realidade, assim como um dia eu pensei que a escuridão do seu amor fosse a luz da minha vida. E nada do que eu diga impedirá minha percepção, meu exemplo vago de vida que já não existe. Talvez porque a vida me falte ou porque a morte me seja abundante, eu simplesmente não sei reconhecer seu amor.
E então eu morro, pela milésima vez, eu morro. Passo o meu existir insignificante para o não viver igualmente inoportuno. Só peço que não me esqueça, que me deixe viver em sua mente. Deixe que o nada que eu sou e serei signifique algo ao menos em seu pensar. Prometa-me e eu morrerei feliz, morrerei como o sorriso que nunca tive ou como a lágrima que nunca derramei.