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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O mundo, o poeta e a criação.





No inicio era a palavra, e o poeta a escreveu. Do primeiro poema nasceu a luz, e a escuridão nasceu junto. Espalhou o poeta seus caminhos, e assim foi o primeiro dia. No segundo criou-se o sol e a este se presenteou com a dia, criou também a lua; poeta sem lua não existe. Como não havia luz para esta, criou o poeta as estrelas e os olhares, o desejo e o brilho. Estava feito o céu.
Criaram-se então grandes poemas que, com a violência da alma, se tornaram o mar. A mansidão raivosa e a beleza perigosa. Com sonetos costurou o poeta sua terra, deu firmeza a criação e completou o terceiro dia. No quarto dia vieram os cânticos, as bênçãos e as canções. Nasceram as aves e as árvores, uma para cantar e outra para escutar. Dedilhou-se o ar puro e a música deu a vida.
No sexto dia veio a prosa, pomposa como nenhuma outra. Deu vida e nome a grandes e pequenos animais, deu vida e nome a própria vida. As aventuras e os perigos. O poeta então sorriu, havia amado mais que tudo o urro do leão e o ruminar da vaca. Se poeta é isso, criar um mundo e se embelezar com quase nada. Vieram então grandes ideias e com elas se teceu os sonhos... Poemas complicados e rimados deram origem ao homem. Tirou-se uma costela do verso e se fez um poema ainda mais lindo: a mulher. Tratou o poeta de aconselhar: “Comei e bebei de toda a minha criação, pegai e levai aos lábios o fruto do conhecimento. Conheça o bem o mal e só assim serás humano.” Dito isso, amou o poeta sua criação.
No sétimo dia... Morreu o poeta, pois não sabe descansar e imortais são apenas suas poesias.

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