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quarta-feira, 30 de junho de 2010

O sonho, o desejo e a incerteza.

"O inexistente é real na mente de um sonhador."


Eu te tenho em meus sonhos, eu te tenho em minha mente. Você está presa em cada pedaço de mim. Eu te amo. Teus olhos, frutos de minha imaginação, são os mais belos existentes e seu toque é o mais doce. Não posso viver sem você, por isso não existo de verdade. Sou mentira e inverdade, pois só consigo ser real em sonhos. Apenas me sinto existente entre seus braços, só acredito em mim mesmo, quando incentivado por seus lábios. Mas não consigo te tornar real, você não sai de minha mente, da mente onde nasceu. Não consigo sentir seus lábios e suas palavras de amor são apenas sonhos, sua liberdade é apenas ilusão. Seu toque é inexato, sua voz é inexistente. Você é um sonho, eu sou um sonhador.
Queria te fazer real, mas é impossível. Então, para ficar ao seu lado, eu mesmo teria que virar um sonho. Libertar-me da vida carnal, entrar no perfeito circulo do infinito. Apenas a morte me traria você, somente o não viver tornaria nosso amor eterno. Então, a aceito de braços abertos. Que venha o fim, pois, diante de ti, ele não é nada. Só peço que me dê forças, para que eu não caia de joelhos diante do beijo mórbido, para que eu encare minha liberdade como uma dádiva. Eu serei seu, e diante disso nada tem importância. Desde meu primeiro sonho, desde a primeira vez que vi seus olhos, eu tenho a certeza de que sou capaz de abdicar de tudo por ti.
Então morro, infectado por amor infundado, amando a mais bela criatura. E rezo para que a morte me ligue a você, para que ela me torne também sonho. Rezo para que o fim seja o símbolo do nosso começo. Então morro, minha alma doente enfim padece, minha mente se torna nada e eu, que antes nada era, me torno um sonho. E espero, nesse sonho, sentir seu toque eterno, sentir seu beijo infinito. Ser sempre seu.


Três coisas que sei:
1— Eu sei que é um sonho.
2 — Eu sei que é amor.
3 — Eu sei que a morte nada significa.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O ódio, a contradição e os olhos perfeitos.

Eu te odeio porque te amo demais. Eu prefiro o ódio, pois assumir que te amo seria ter a esperança de algum dia poder ao menos te tocar e eu não quero sonhar em vão. Não quero desejar teus lábios, não quero olhar em seus olhos. Por isso te odeio.
Não te amo para não mentir a mim mesmo, para não iludir a minha própria pessoa. Prefiro te ter raiva, prefiro não te falar. Aquilo que me faz mal vive em você. Sua lembrança é o que me mantêm aqui. Diante de seus olhos o infinito é apenas um ponto. Não posso amar o perfeito, então te odeio. Não posso viver em sonhos, por isso não te tenho. Tenho apenas a mim mesmo e as vãs palavras que escrevo. Tenho apenas a vida, esse conjunto de sofrimentos.
Então... Ao menos espero que me entenda, pois eu te odeio amando. Machuco-lhe de tanto que te quero. E você vive em mim, mas do que minha própria alma. Você sou eu, assim como te vejo no espelho. Então me perdoe por tudo, e saiba: sempre te amarei.



Três verdades:
1 — Ontem eu vi os olhos perfeitos.
2 — Eu os amo acima de tudo.
3 — Eu acho que os odeio, pois me assustam.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Fernando Pessoa, o poeta e a rosa azul.

Fernando Pessoa, um dia, disse:

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.”*


Esse pequeno poema me fez pensar...
Aquele que finge o sofrer será que também sofre por fingir o amor? Será que um poeta ama, ou apenas se prende as poucas ilusões que tem da vida? Aquele que pensa em tão perfeita ilusão, que vê como tão perfeito um ser que não existe. Aquele que exprime lágrimas dos sonhos e faz cada palavra brotar como uma rosa.
O poeta é homem fugaz. Que busca sentir tanto, que pouco dura. Que busca tanta inspiração que logo a seca. Mas afinal, que homem não é assim? Não o acusaria por tal. Afinal, o homem só é feliz ao cortar a realidade, ao transcender o que senti. O real não oferece de tudo, aquele que nunca bebeu na taça do imaginário, nunca poderá dizer que é completo. Assim como aquele que vive em um sonho não poderá afirma que inteiro foi. A realidade deve completar a ilusão.
O poeta vive em busca de sua “rosa azul”. Talvez por isso ofereça tantas rosas a tantas mulheres em seu caminho, talvez por isso existam tantas cores. Quem sabe somente ao encontrar a sua verdadeira rosa, a lágrima e o amor, um dia escritos, se tornem reais.



* Poema “Auto-psicografia” de Fernando António Nogueira Pessoa (popular: Fernando Pessoa).

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A morte, a vida e o amor.

“Eu me sinto quebrado, talvez por existir demais.”


Tolas palavras que cortam o silêncio de minha mente, pensamentos rabiscados e indiretos. Não entendo, nem mesmo eu entendo. Por que tenho que existir? Seria “existir” uma sina justa? Mas não acho que a vida tenha o mesmo valor que a morte, a morte é mais sublime e decisiva, é mais linda. Eu vejo perfeição na morte. Por isso temos que esperar por ela. Enquanto a vida, essa infinidade de segundos intermináveis, nos é empurrada goela adentro. Por isso, é tão difícil viver.
Porém, a morte é um instante. A vida é um sempre. Somente vivendo consigo provar de seus lábios. Somente na vida, consigo sentir seu amor. Por tal motivo, quando finalmente recebo o meu prêmio, sinto dor ao fechar os olhos e receber o tão desejado beijo mórbido. Achei que receberia o fim da vida de bom grado e, sorrindo, caminharia para o infinito. Mas isso foi antes, antes de te amar. Antes de percebe que a morte era perfeita, mas uma perfeição que me tirava de você. Antes de percebe que eu não queria o perfeito, eu queria o imperfeito. O mortal e acabado. Eu queria o amor, não a morte. Então sinto dor, quando pensei que sentiria alivio.
A morte, sempre tão bem vista por minha alma, não se revelou como liberdade. Na verdade se mostrou como prisão, grades que me fariam sofrer. Não por me privar da vida, mas por me manterem longe de ti. Nunca poderei beijar-te os lábios, não mais sentirei seu toque. Estarei morto. Quando pensei que sorriria, chorei. Quando pensei que estenderia a mão, lutei. Pensei que queria a morte, mas, agora que ela me vem, passo a querer a vida. Decido que seria melhor ficar ao seu lado. Mas não tem volta, já atraí o fim. E nada posso fazer; nada além de me arrepender dos momentos em que desejei o final, quando deveria esperar o começo. Dos segundos que perdi chorando, ao invés de te olhando. Arrepender-me do “eu te amo” que nunca disse, e do beijo que nunca me permiti. Agora não tem volta, eu morrerei sem opções.
Mas obrigado, você me mostrou que o que eu desejava não era o certo. Seu sorriso me provou que vale a pena viver. E eu vivi, mesmo que tenha sido apenas nos últimos segundos da minha vida.


Uma verdade:
Eu espero a morte.
Mas também espero que ela não venha.
Pois, ao menos uma vez, quero a certeza de dizer:
“Eu te amo” e ser a verdade.




segunda-feira, 21 de junho de 2010

Um começo, o nada e o que sou.

Existem coisas demais para imaginar e pouco tempo para descrevê-las; tudo parece precisar de mais tempo que o que dispomos. Cada pequena palavra tem o peso de todo o meu ser. Cada pequeno sentimento transmite tudo que penso existir. Nada me mantêm vivo, assim como nada me atrai a morte. Eu sou nada. Enfim, descobri.
Talvez por isso a escrita me seja importante. Pois mesmo o nada, ao se descrever se transforma em algo. Mas não algo que mereça importância, apenas algo. Por isso não busco que me der importância, ou mesmo leia o que escrevo. Escrevo apenas para saber que existo. Porém, não nego que sou mais completo ao existir também em sua mente. Ao ler o que escrevo para ao menos ser algo, você está me transformando em algo mais. Mais do que sonhei e muito mais do que minha perspectiva de ser aceito. Por isso não aceito que sou algo mais que nada, mas mesmo assim busco algum sentido para esse nada.



“E mesmo sendo nada, e de nada valendo.
Sei que posso te amar, isso me consola.”