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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Fernando Pessoa, o poeta e a rosa azul.

Fernando Pessoa, um dia, disse:

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.”*


Esse pequeno poema me fez pensar...
Aquele que finge o sofrer será que também sofre por fingir o amor? Será que um poeta ama, ou apenas se prende as poucas ilusões que tem da vida? Aquele que pensa em tão perfeita ilusão, que vê como tão perfeito um ser que não existe. Aquele que exprime lágrimas dos sonhos e faz cada palavra brotar como uma rosa.
O poeta é homem fugaz. Que busca sentir tanto, que pouco dura. Que busca tanta inspiração que logo a seca. Mas afinal, que homem não é assim? Não o acusaria por tal. Afinal, o homem só é feliz ao cortar a realidade, ao transcender o que senti. O real não oferece de tudo, aquele que nunca bebeu na taça do imaginário, nunca poderá dizer que é completo. Assim como aquele que vive em um sonho não poderá afirma que inteiro foi. A realidade deve completar a ilusão.
O poeta vive em busca de sua “rosa azul”. Talvez por isso ofereça tantas rosas a tantas mulheres em seu caminho, talvez por isso existam tantas cores. Quem sabe somente ao encontrar a sua verdadeira rosa, a lágrima e o amor, um dia escritos, se tornem reais.



* Poema “Auto-psicografia” de Fernando António Nogueira Pessoa (popular: Fernando Pessoa).

2 comentários:

  1. Ah! Qria ser rosa azul de alguém ahhh!
    Muito fodastico vey Perfect ! *-*

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  2. Ah como gostaria!...
    Acho que todo poeta, transcreve em seus poemas a idealização da perfeição, algo talvez nunca alcançado.

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