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quarta-feira, 23 de junho de 2010

A morte, a vida e o amor.

“Eu me sinto quebrado, talvez por existir demais.”


Tolas palavras que cortam o silêncio de minha mente, pensamentos rabiscados e indiretos. Não entendo, nem mesmo eu entendo. Por que tenho que existir? Seria “existir” uma sina justa? Mas não acho que a vida tenha o mesmo valor que a morte, a morte é mais sublime e decisiva, é mais linda. Eu vejo perfeição na morte. Por isso temos que esperar por ela. Enquanto a vida, essa infinidade de segundos intermináveis, nos é empurrada goela adentro. Por isso, é tão difícil viver.
Porém, a morte é um instante. A vida é um sempre. Somente vivendo consigo provar de seus lábios. Somente na vida, consigo sentir seu amor. Por tal motivo, quando finalmente recebo o meu prêmio, sinto dor ao fechar os olhos e receber o tão desejado beijo mórbido. Achei que receberia o fim da vida de bom grado e, sorrindo, caminharia para o infinito. Mas isso foi antes, antes de te amar. Antes de percebe que a morte era perfeita, mas uma perfeição que me tirava de você. Antes de percebe que eu não queria o perfeito, eu queria o imperfeito. O mortal e acabado. Eu queria o amor, não a morte. Então sinto dor, quando pensei que sentiria alivio.
A morte, sempre tão bem vista por minha alma, não se revelou como liberdade. Na verdade se mostrou como prisão, grades que me fariam sofrer. Não por me privar da vida, mas por me manterem longe de ti. Nunca poderei beijar-te os lábios, não mais sentirei seu toque. Estarei morto. Quando pensei que sorriria, chorei. Quando pensei que estenderia a mão, lutei. Pensei que queria a morte, mas, agora que ela me vem, passo a querer a vida. Decido que seria melhor ficar ao seu lado. Mas não tem volta, já atraí o fim. E nada posso fazer; nada além de me arrepender dos momentos em que desejei o final, quando deveria esperar o começo. Dos segundos que perdi chorando, ao invés de te olhando. Arrepender-me do “eu te amo” que nunca disse, e do beijo que nunca me permiti. Agora não tem volta, eu morrerei sem opções.
Mas obrigado, você me mostrou que o que eu desejava não era o certo. Seu sorriso me provou que vale a pena viver. E eu vivi, mesmo que tenha sido apenas nos últimos segundos da minha vida.


Uma verdade:
Eu espero a morte.
Mas também espero que ela não venha.
Pois, ao menos uma vez, quero a certeza de dizer:
“Eu te amo” e ser a verdade.




5 comentários:

  1. Existir, Deixar de Existir.
    Amar, Odiar.
    Porquê esses sentimentos se confundem com tanta facilidade.
    Vejo em você, essa confunsão evidente.Esse amor, dor, sofrimento e morte a andar de mãos dadas, em um coração já lavrado pela vida.

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