Páginas

sábado, 3 de julho de 2010

O deus, o prisioneiro e a fé.

Como pode um prisioneiro abandonar Deus?


Se nada tenho em mãos, se nada pode me salvar. Por que Deus? Sei que não posso temer frente à cruz, sei que minha vida se extinguirá da terra. Eu sei que serei nada, mas não sei o porquê de crer. As minhas lágrimas secaram, assim como minha mão e meu coração. Apenas o tormento me aguarda, já que um deus feito de tantas amabilidades não me aceitaria.
Não, ele nunca me aceitou. Talvez por isso eu sofra e mate, o seu amor é meu ódio. Por isso nunca chorei, minhas lágrimas seriam sua força. Eu apenas caminhei e gritei. O desespero não foi consolado, o medo não se esvaiu e eu não senti seu amor. Onde está Deus? Nem ao menos sei seu nome, não poderia sentir sua mão. Você nunca me foi colega, sempre foi superior. Como poderia amar algo que tanto me ama? Não, eu não amo e não acredito. Sinto muito.
Então me deixe, liberte as correntes. Seria hipocrisia dizer que tenho certeza, mas também seria esconder minhas dúvidas. Então me deixe, eu não queria o livre-arbítrio, não te queria como pai. Como pode me testar tanto? Não te dei esse direito. Por fim, me rendo. Sou mortal e incompreendido, assim como falastes que eu seria. Mas mesmo imperfeito como você me fez, tive a capacidade de te criar e tenho o direito de não acreditar.

2 comentários:

  1. Um dos melhores posts. Parabéns pelas lindas palavras, Rogério.

    ResponderExcluir
  2. Oh Deus, porquê, me cobras tanto para estar ao seu lado?

    ResponderExcluir