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domingo, 8 de agosto de 2010

O sangue, o vazio e o pecado.

O sangue... É como se cada pensamento mórbido fosse um pecado. A vontade e a dor. A inveja que sinto, a descrença que me corroí. Eu sou infame, fugaz e maldoso. Sou obra de um deus perverso, pois não posso amar. A era dos homens não chegou ao fim, ela nunca existiu. Cada máscara sempre escondeu uma besta, cada vago sentimento sempre foi um caminho para o sofrimento. O quão egoísta eu sou?
Nunca estive com medo, nunca realmente temi o fim. Adianta a aparência fria e forte? Por dentro eu sou um nada, apenas mais uma alma torturada por nada entender da vida. Sou fantasia lesada, túmulo de poucas felicidades. Ser sem vida, que sonha ser imortal. Por que não posso provar de seu amor? Um toque frio sempre me assustou, mas não percebi que era o meu. A dor que sinto, o ódio que me consome. Que venha a guerra, ela me mantém vivo. Cada vez que sou ferido me sinto vivo, mas quando o ferimento sara, sei que nunca fui realmente um ser vivente.
Fui feito assim, para ser vazio. Que deus se ocuparia com isso? Eu amaldiçôo cada criação, simplesmente porque existo. Eu odeio cada rosto, simplesmente por não ser o meu. Acho que aquele que me criou é tão vazio e egoísta quanto eu sou. Sofro por não sofrer, invejo por não amar. Sou confuso porque não me entendo e não acredito porque não existe.
O sangue novamente... somente ele me mantêm vivo. Seria um homem capaz de viver unicamente porque o sangue ainda corre em suas veias? Eu sou. Vivo simplesmente porque meu coração continua a bater, mas sou vazio. Sou livre das emoções que fazem um homem, livre das alegrias que fazem a vida possuir valor, privado das dores que constroem uma personalidade. Sou e sempre fui nada.



Uma verdade:
Dizem que muitos escrevem sobre algo que querem ser,
mas que poucos descrevem o que realmente são.

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